De um lado, o ex-presidente do Senado e presidente do MDB em Alagoas, Renan Calheiros. Na outra ponta, o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP). O que ambos têm em comum na política do Estado? Tanto Renan quanto Lira estão se fortalecendo para disputa nas eleições municipais em 2024.


À Tribuna, a cientista política e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Luciana Santana, ressalta que o senador e o presidente da Câmara continuam sendo as principais lideranças no cenário político alagoano e exercem grande influência em âmbito nacional.


As estratégias de Calheiros e Lira, entende a professora universitária, é necessária para que seus grupos políticos continuem se mantendo vivos, elegendo cada vez mais representantes nas câmaras de vereadores e prefeituras.


“A disputa por espaços e de poder é permanente entre os dois grupos. Estão mirando em 2024 e 2026, de alguma forma estão tentando adotar estratégias de sobrevivência política”, comenta a cientista política.


Um exemplo de influência de Renan Calheiros em Alagoas tem sido a filiação em massa dos prefeitos ao MDB. Até o fechamento desta edição, conforme levantamento do partido, 61 gestores municipais se filiaram à legenda. Renan tem contado com apoio do governador Paulo Dantas (MDB), para atrair os prefeitos.


Nos bastidores, os prefeitos têm entendido que o MDB tem mais holofote e força política. Hoje, a legenda conta com 21 deputados estaduais, o governador e dois deputados federais. Em Brasília, a legenda está aliada ao governo Lula e ainda acertou na escolha de Renan Filho, ex-governador de Alagoas, no Ministério dos Transportes.


Luciana Santana, por exemplo, reforça que MDB já era a principal força política de Alagoas e que essa ampla filiação de prefeitos de partido, mostra a consolidação do grupo de Calheiros.


“Essa ampla filiação mostra a consolidação do partido nos municípios alagoanos, mas, especialmente, mostra a tentativa de ocupar alguns espaços de forma mais permanente. Para as eleições de 2024, o MDB tenta garantir a manutenção dos quadros ocupados pelo partido e, principalmente, fortalecer a força nos municípios para as eleições para governador em 2026”, opina.


Já o presidente da Câmara, Arthur Lira, também conta com diversos aliados nas prefeituras e câmaras municipais, porém, é em Maceió, capital administrada pelo prefeito JHC (PL), que o parlamentar está ampliando seus espaços.


Nessa costura política, Lira já deu o aval para que o ex-deputado estadual Davi Davino Filho (PP), componha a gestão de JHC. Nos bastidores, fala-se que Davino deve assumir a Secretaria Municipal de Saúde, e lá em 2024, projete-se como vice de JHC. O prefeito da capital é candidato natural à reeleição e bem cotado na disputa.


Para Luciana Santana, no caso de Lira, ele tenta ampliar sua força política na capital.


“No caso de Arthur Lira, ele tem uma força que angariou sendo presidente da Câmara dos Deputados e agora, esses próximos dois anos serão, para ele, definidores, inclusive, de sua própria ambição política para 2026. Isso perpassa por ampliar capital político na principal cidade do estado, Maceió, onde ele visa conseguir pleito eleitoral no governo, seja ele candidato ou alguém indicado por ele”, concluiu a professora universitária em contato com a reportagem da Tribuna.


Fonte - Tribuna Hoje