“Não foi acidente. Foi crime. O maior crime ambiental da nossa história, uma verdadeira Chernobyl brasileira”. É com esse tom que o senador Renan Calheiros conseguiu fechar questão no Senado Federal e agora espera conseguir apoio do Ministério Público Estadual e do governo de Alagoas para forçar a Braskem, maior petroquímica da América Latina a compensar o Estado, a prefeitura de Maceió e as vítimas pelos danos que foram provocados pela mineração de sal-gema em vários bairros da capital alagoana.


Na visão do senador, não é correto classificar como “acidente” os eventos que provocaram o desalojamento de até 200 mil pessoas na capital de Alagoas. “Qualquer pessoa com o mínimo de esclarecimento sabe que a empresa deveria ter colocado algo para substituir o sal-gema extraído da terra. Se não fez isso, o que ocorreu não deve ser considerado acimente, mas crime”, pondera.

A partir de discurso que fez no Senado, Renan Calheiros conseguiu que a Casa se posicionasse contra qualquer possibilidade de venda da Braskem sem que antes a empresa faça um acordo com as outras partes envolvidas, incluindo as vítimas, a prefeitura de Maceió e o governo de Alagoas.

“A empresa precisa construiu um novo bairro em Maceió, o que simbolizará a volta ao desenvolvimento interrompido. Tem que resolver primeiro Alagoas. O Senado não admite movimentação acionária sem isso”, aponta.

Nos últimos dias, o senador se reuniu com representantes de partes do processo (Petrobras, que é acionista e grupos interessados na compra da Braskem). Segundo ele, todos concordam com uma solução global: “As pessoas compreendem que temos oportunidade para resolver, a partir de um acordo todo o processo, que certamente não será resolvido com ações pulverizadas”, afirma.

Na próxima segunda-feira (17/4) o senador Renan será recebido em audiência no MPE e no Palácio dos Palmares, acompanhado de representação das vítimas, para dar mais um passo importante: fechar questão para tentar barrar a venda da Braskem, tal e qual o Senado.

No dia 4 de maio será realizada audiência pública nas Comissões de Relações Exteriores de Meio Ambiente do Senado para tratar do crime ambiental da Braskem em Alagoas. Mas essa é outra história.

Versão oficial


Veja texto da assessoria

Renan e vítimas da Braskem vão ao MPE e ao Palácio


Senador vai levar proposta de indenização justa pelos prejuízos causados e construção de um novo bairro

Na próxima segunda-feira (17), o senador Renan Calheiros (MDB-AL), junto com representantes das vítimas do desastre da Braskem, estará no Ministério Público Estadual de Alagoas, no bairro do Poço, às 10 horas da manhã. Às 11 horas, eles estarão no Palácio República dos Palmares.

Renan e as vítimas vão levar ao procurador-geral de Justiça, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque, e depois ao governador Paulo Dantas, documentos sobre a situação das dezenas de milhares de pessoas que perderam suas moradias, empregos, empresas e patrimônio com o afundamento de cinco bairros de Maceió, em 2018, que destruiu pelo menos 15 mil imóveis em consequência da exploração de sal-gema no subsolo de Maceió.

No último dia 29 de março, Renan fez um veemente discurso na tribuna do Senado relatando o drama das vítimas da Braskem. Ele afirmou que antes da anunciada venda da indústria química à Petrobras, é preciso que a Braskem e a estatal acertem a pesada dívida que foi causada pelo afundamento dos bairros – o maior desastre ambiental já registrado no país.

“Preliminarmente, antes de qualquer coisa, antes de qualquer negociação envolvendo a Braskem – venda ou ampliação do capital da Petrobras – temos que passar pela necessidade de a Braskem e a Petrobras honrarem o contrato social que assumiram com Alagoas, pagando a indenização devida, primeiro às vítimas, em seguida ao governo do Estado e à Prefeitura de Maceió, e a construção de um novo bairro para repor as habitações e demais imóveis que foram destruídos”, afirmou o senador.

É para essa proposta que Renan e as vítimas vão buscar, nos encontros desta segunda-feira, o apoio do Ministério Público e do governo estadual.

“Não se pode concordar com o suposto acordo que a empresa alega. Um acordo em que as vítimas não participaram não pode ser chamado assim” – afirmou o senador. “Não podemos aceitar a tese de que foi um acidente. Acidentes são imprevistos. Aquilo foi um desastre anunciado, foi causado pela irresponsabilidade”.