Por Blog de Edivaldo Junior

 A Petrobras tem 38% das ações totais e 45% do capital votante da Braskem, maior petroquímica da América Latina, empresa responsável pelo maior desastre ambiental da história de Alagoas. E nessa condição foi cobrada para se posicionar sobre o passivo que a companhia tem com o Estado, especialmente Maceió.


O desastre geológico provocado pela mineração de sal-gema na capital alagoana teria afetado, segundo diferentes estimativas, cerca de 200 mil pessoas, o equivalente a 20% da população de Maceió ou mais de 5% de todo o Estado.

Em discurso que quarta-feira (29/3), o senador Renan Calheiros (MDB-AL) cobrou um posicionamento da Petrobrás. Em resumo, Renan Calheiros cobrou que a Petrobras, como maior acionista da Braskem, se posicione sobre a compensação que a companhia deve a Alagoas e aos alagoanos.

Após a forte repercussão da sua fala, o senador Renan Calheiros teria recebido, no final de semana passado, uma ligação do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. A conversa entre os dois foi confidencial, mas parte dela “vazou”.

Segundo alguns interlocutores, Prates teria dito a Renan que a Petrobras não definiu uma formalmente posição sobre o caso Braskem, mas sinalizou para o senador que a companhia deverá adotar posicionamento que proteja os interesses de Alagoas e de Maceió, ou seja, que garanta as compensações pelos danos causados pela companhia no Estado e no município, antes de qualquer definição do aumento de sua participação acionária ou de venda da empresa.

A conversa entre Renan Calheiros e Jean Paul Prates foi informal. Ainda assim, o presidente da Petrobras teria concordado com argumentos dele de que não pode resolver problema da Braskem, sem antes resolver os problemas de Maceió, de Alagoas e dos prejudicados pelo desastre provocado pela mineração de sal-gema.

Citando a Petrobras


No seu discurso, Renan Calheiros citou várias vezes a Petrobras. O senador cobra posicionamento na companhia para evitar que a Braskem seja vendida antes de resolver todas as pendências com Alagoas e Maceió. Entre as propostas do senador, está a construção de um novo bairro na capital.

Veja os trechos do discurso.


“Tenho acompanhado no noticiário, com uma recorrência preocupante, as especulações sobre uma possível ampliação da participação da Petrobrás na composição acionária da Braskem que, em Alagoas deixou um rastro de destruição, dores, perdas irreparáveis e um cenário das cidades fantasmas”, disse.

No discurso, Renan Calheiros reforçou que “a preliminar de qualquer negociação envolvendo a Brasken – venda ou ampliação do capital da Petrobrás – passa pela a solução do passivo dos escombros deixados pela empresa. A Petrobrás, acionista, também tem responsabilidade. Só para se ter uma ideia de um desastre brasileiro, a tragédia de Brumadinho atingiu 2,4 mil pessoas e o desastre geológico de Maceió impactou 200 mil pessoas. Os efeitos econômicos e sociais transcendem as áreas mais atingidas. Eles afetaram todo o estado de Alagoas”.

Renan defendeu ainda que “antes que se imponha uma nova realidade acionária da Brasken é preciso que empresa, a nova controladora e mesmo a Petrobrás assinem um contrato social com Alagoas e os alagoanos para honrar compromissos além das indenizações já em andamento por demandas judiciais ou não”.

“Não aceitaremos nenhuma operação na Brasken, seja de venda, aumento de capital da Petrobrás que exclua o pagamento dos prejuízos aos cidadãos, ao Estado e ao Município. Se a Brasken não honrar suas dívidas elas, certamente, recairão sobre seus acionistas. Se o solo cedeu pela irresponsabilidade, nós não cederemos”, enfatizou o senador.

“Só para se ter uma ideia desse desastre brasileiro, a tragédia de Brumadinho atingiu 2,4 mil pessoas. O desastre geológico de Maceió impactou 200 mil pessoas. Os efeitos econômicos e sociais transcendem as áreas mais atingidas. Eles afetaram todo o estado de Alagoas. Antes que se imponha uma nova realidade acionária da Braskem, é preciso que essa empresa, sua nova controladora e mesmo a Petrobras assinem um contrato social com Alagoas e os alagoanos para honrar compromissos, além das indenizações já em andamento por demandas judiciais ou não. Se o solo cedeu pela irresponsabilidade, nós não cederemos.”, aponta Renan.