A Petrobras pode se tornar acionista majoritária da Braskem se a Novonor sair do negócio

A Novonor (antiga Odebrecht), atual controladora da Braskem quer sair do negócio e recebeu, nos últimos meses, ao menos três diferentes propostas consistentes para aquisição de sua participação na companhia (JHC, Adnoc e Unipar).

Mas não será da empresa, decisão final. De fato quem pode exercer esse direito, sobre a transferência do controle acionário, será Petrobras.

Isso porque a Novonor tem 38,3% das ações totais e 50,1% das ações ordinárias, enquanto a Petrobrás tem 36,1% das ações totais e 47,0% das ações ordinárias da Braskem. E mais: a estatal brasileira de petróleo tem a preferência de compra do controle da petroquímica e pode exercê-lo.

A possível “estatização” da Braskem, que tem um passivo ainda não calculado com o Estado de Alagoas, prefeitura de Maceió e vítimas do crime ambiental provocado pela mineração de sal-gema, será deicida pelo presidente Lula.

O presidente da Petrobras já admitiu, em diferentes momentos, que discute “internamente” a possibilidade de assumir o controle acionário da Braskem – o que significa, na prática, na sua estatização.

A decisão não ser, não entanto, “solitária” para a Petrobras. O BNDES atuará em conjunto com a estatal no caso, disse nessa quinta-feira (22/6) o presidente da instituição de fomento, Aloizio Mercadante.

“BNDES e Petrobras estão juntos na questão da Braskem”, afirmou Mercadante, acrescentando em entrevista coletiva ao lado do presidente da petroleira, Jean Paul Prates, que “quem tomará uma decisão sobre o assunto será o presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.

E porque o BNDES entra no negócio? O banco é credor da Novonor. Dos R$ 14,5 bilhões de dívidas garantidas pela Braskem, BNDES e BB têm R$ 6 bilhões. Os maiores credores são Bradesco, Itaú e Santander.

Na prática, a dívida com bancos públicos, se convertida em ações, tornaria a Braskem numa empresa com maioria de capital estatal. A venda do controle da Novonor, a que parece, será mais complexa, porque também envolve bancos privados que querem receber parte da dívida se a negociação for concretizada.

Como a decisão final caberá ao presidente Lula será ele, ao fim e ao cabo, quem decidirá o destino da empresa. E claro, como será feito o pagamento do passivo a Alagoas e aos alagoanos. Mas essa é outra história.