Durante depoimento de mais de oito horas, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), informou à Polícia Federal (PF) que foram realizadas ao menos cinco reuniões com a presença direta do ex-presidente, da cúpula do governo e de militares.

O tenente-coronel deu detalhes sobre todas as reuniões mapeadas pelos investigadores da PF. A informação é da coluna de Bela Megale, do jornal O Globo.

Um dos encontros relatados foi quando o ex-assessor especial da Presidência Felipe Martins e o advogado Amauri Feres Saad apresentaram a chamada “minuta do golpe” a Bolsonaro.

Após passar por alguns ajustes, que teriam sido solicitados pelo próprio ex-presidente, o texto golpista foi discutido novamente em um encontro entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas.

O militar também confirmou a reunião entre Bolsonaro e seus ministros em 5 de julho de 2022, na qual a PF identificou uma “dinâmica golpista”. O vídeo (confira abaixo) do encontro estava no computador do tenente-coronel, mas não foi divulgado no acordo de delação premiada.

Outros encontros para tratar do golpe citados por Cid

— Quarta reunião: 12 de dezembro de 2022, em Brasília (DF)

  • Realizada pelo major Rafael Martins para debater a estratégia por trás do golpe de Estado
  • Participaram: o major Martins, Cid e outros militares
  • Mensagens mostraram que, após o encontro para tratar do golpe, Martins pediu ao ex-ajudante de ordens da Presidência o pagamento de R$ 100 mil para bancar a viagem de manifestantes à capital federal

— Quinta reunião: 28 de dezembro de 2022, em Brasília (DF)

  • Realizada pelo coronel do Exército Bernardo Romão Correia Neto, então assistente do Comando Militar do Sul. De acordo com troca de mensagens interceptadas no celular do tenente-coronel, o coronel Neto foi o responsável por selecionar os convidados da reunião do golpe
  • Participaram: oficiais com formação nas forças oficiais e assistentes de generais supostamente eram favoráveis à trama golpista.