Era para acabar em pizza. E não deu outra. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), autor do requerimento que criou a CPI da Braskem, decidiu deixar a Comissão Parlamentar de Inquérito criada no Senado depois que foi preterido na escolha da relatoria.


Pela tradição, o autor do requerimento, ou é o presidente ou relator. “Me afastei para não ficar associado a simulacros investigatórios”, explicou o senador. Neste sábado (25/05), uma reportagem da IstoÉ, deu razão a Renan.

“Deu pizza na CPI da Braskem”. O título da reportagem parece resumir o sentimento que se tinha em relação à comissão desde que começou a funcionar, sem a participação do seu criador.

Em março deste ano, o blog Cafezinho antevia o que estava para acontecer: “CPI da Braskem nasce com destino direto para a pizzaria”. No texto, a explicação: “numa articulação do governo federal, Renan Calheiros que é de Alagoas e inimigo do deputado alagoano Arthur Lira (PP), foi preterido da relatoria.”

A IstoÉ avalia que o “Relatório do senador Rogério Carvalho responsabiliza 11 diretores de baixo escalão da petroquímica e prestadores de serviço, mas não cita políticos por trás de acordo bilionário: investigação aumenta as divergências entre Arthur Lira e Renan Calheiros em Alagoas”.

A reportagem reforça: “O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, ligado a Lira e a quem cabia a responsabilidade pela fiscalização das minas que desabaram, nem chegou a ser convocado e faz menção à compra de um hospital inacabado e sem licitação, com dinheiro do acordo da Braskem.

“Carvalho sugere que compra de hospital seja acompanhada pelo TCU, uma atribuição que a CPI deixou de lado nos seis meses em que funcionou. Neste período, a Braskem depositou na conta da Prefeitura R$ 950 milhões, dos quais R$ 266 milhões foram usados para a compra, sem licitação, de um hospital inacabado em Maceió”, reforça a reportagem.

Questionando

A revista lembra que o negócio da compra do hospital foi questionado por Renan, mas partiu de seu filho, o ministro dos Transportes, Renan Filho, que foi governador de Alagoas, a sugestão de que algo de irregular ocorreu na transação. “Essa aquisição precisa ser fiscalizada pelos órgãos de controle, pois cheira a desvio de recursos”, escreveu numa postagem pelas redes sociais endereçada ao prefeito.


				
					Deu pizza: CPI omite políticos em acordo bilionário da Braskem

No X, Renan Calheiros criticou resultados da CPI da Braskem. Reprodução

Veja o que disse Renan Calheiros:

“Dentro da adversidade política e contra o poder econômico, colocamos a CPI de pé em nome das vítimas do crime. Me afastei para não ficar associado a simulacros investigatórios. A imprensa parece confirmar a pizza da inapetência.”, Renan Calheiros no X.

Veja resumo da reportagem da IstoÉ:

• CPI da Braskem: A CPI investigou o afundamento de minas de sal-gema em Maceió, afetando mais de 60 mil pessoas. O relatório final responsabiliza 11 diretores de baixo escalão e prestadores de serviço, mas não cita políticos.

• Conflitos Políticos: A investigação revelou divergências entre Arthur Lira e Renan Calheiros, influentes políticos de Alagoas, e evitou envolver o governo de Lula na questão.

• Acordo de Indenização: Um acordo de R$ 1,7 bilhão entre a Prefeitura de Maceió e a Braskem foi tratado de forma burocrática, levantando suspeitas de irregularidades na fiscalização das minas e na compra de um hospital sem licitação.

• Continuidade das Investigações: Apesar das limitações da CPI, sugere-se que as investigações continuem, focando nos danos à população e ao meio ambiente, e critica a negligência do Instituto de Meio Ambiente de Alagoas.

Veja o Blog o Cafezinho


• Expectativa de Resultados: Há um clima de ceticismo entre os membros do colegiado, com a expectativa de que a CPI da Braskem possa não resultar em ações concretas, sendo comparada a uma “CPI da Americanas”.

• Oposição Governamental: O governo, incluindo o presidente Lula e outros políticos, mostrou forte oposição à instalação da CPI, mas ela foi instalada apesar dos esforços contrários.

• Investigações Iniciais: A CPI começou ouvindo especialistas sobre a situação que afetou cinco bairros de Maceió e o colapso da Mina 182.